5.2.11

Limpa daqui, limpa dali...

Perdida entre uma raiva imensa e uma sensação de alívio profundo por ter dispensado os serviços da faxineira que estava comigo há quase 4 anos, ela sempre fingindo que cuidava de tudo enquanto eu fingia estar satisfeitíssima com seu trabalho, mergulhei intensamente no mundo da limpeza pesada. Aquelas, com produtos anunciados na TV e que miraculosamente removem os resíduos impregnados de sujeira nos cantos mais improváveis da casa, só com um paninho e sem esforço algum. Tudo mentira, diga-se de passagem. Limpeza requer esforço, muitas vezes bem maior do que estamos dipostos a dispender...

Revirando há dias por trás e debaixo dos móveis, me invade uma sensação de tristeza cada vez que me deparo com uma sujeira que reflete uma culpa que é minha, apenas minha. Concentrada demais no urgente, esqueci do importante. Apagando incêndios, esqueci de regar as plantas da limpeza diária, do cuidado e do amor com os detalhes e os pequenos espaços que usufruimos sem perceber que existem ao nosso redor. Estão lá, e estão bem. Se a poeira está escondida, não a enxergamos, então está tudo bem. Se os armários estão no lugar, mesmo com tudo caindo em cima da sua cabeça cada vez que as portas são abertas, então está tudo bem. Se não enxergamos, está bem...

Sujo por fora, sujo por dentro, ok? Então, mãos à obra! Vamos limpar... vamos cuidar... vamos amar... amar com generosidade o lugar que nos abriga e o espaço que nos rodeia. Mesmo que isso nos custe dores nos braços e nas costas, unhas não tão impecáveis, horas e horas em posições desconfortáveis, litros e litros de desinfetante e de água sanitária. A impressão de um trabalho que nunca terá fim e que, uma vez terminado, terá de ser recomeçado porque tudo já terá tido tempo de empoeirar de novo. Mas pelo menos a energia terá circulado e as sacolas de entulho terão saído definitivamente pelo portão da casa.

E o melhor de tudo: a constatação definitiva de que só nós sabemos amar de verdade o que é nosso. Ninguém nunca fará o trabalho de cuidar dos nossos tesouros, por menores e mais simples que sejam, de forma melhor do que nós mesmos. De que a limpeza vem de dentro para fora e de que o desprendimento do inútil em nossas vidas é um grande aprendizado que deve ser exercitado com rigor e disciplina. Sob pena de termos nossas almas tão impregnadas de sujeira como os cantos escondidos que descobri nos últimos dias.

Luz e paz no caminho, abraços amorosos a todos!
Ana

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