17.8.10
A Impermanência da Vida
Nos últimos dois dias recebi três notícias sobre perdas. Duas pessoas, um animal. Dois pais de amigas, um animal de estimação. Dimensões diferentes da impermanência da vida.
Um dos pais foi meu pai "postiço" nos tempos da faculdade, em Piracicaba. Foi na casa dele que passei as melhores tardes de folga, que provei os melhores almoços, que tirei as mais renovadoras sonecas, que curei minhas grandes ressacas. Era lá que eu buscava colo quando meu pai e minha mãe estavam longe de mim. Foi lá que chorei pelo final de imensas e intensas paixões. Era uma casa linda, pequena, no meio do mato. Em volta, um silêncio quase absoluto. Dentro dela, uma família linda, especial. Lá fazíamos festa, o tempo corria de leve, a vida era uma promessa. Nunca mais fui até aquele lugar. Só retornei hoje em meus pensamentos, para chorar as lágrimas que não me deixam dúvidas do amor e da felicidade que habitavam aquele lar.
A vida deles mudou, a minha também. O tempo passou. Os ciclos terminam.
Hoje também se foi um animal querido, que há dez anos atrás conheci no colo da amiga-irmã. Preto e peludo como um filhote de urso, bravo e genioso desde pequenino. Sua ida anuncia mais um fim que se aproxima, este sim bem mais difícil. Dias atrás o vi pela última vez, com carinho e amor chorei junto com ele e pedi a Deus que não o fizesse sofrer. Ele atendeu.
Mais um ciclo terminou.
Um dia saberei lidar com essas idas e vindas. Com os ciclos que se vão para que outros comecem. Com as perdas necessárias e difíceis do caminho. Saberei olhar de fora já sabendo que as melhores coisas têm de nos deixar para que se faça espaço e outras coisas possam existir.
Conseguirei entender que as coisas são impermanentes porque é assim que devem ser. Porque essa é a única certeza da vida. Conseguirei passar com sabedoria pelas mudanças e olhar para trás com serenidade. Talvez consiga até mesmo não chorar.
Hoje eu ainda não consigo.
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3 comentários:
Tudo passa, talvez a única coisa que não passa é o amor, quando perdemos alguém nos fica a saudade... saudade é o amor que ficou.
Bonito, gostei.
Viajei com suas palavras e conclusão, estou chorando agora...
Ana, minha tia...
Que POESIA vc fez.. são palavras simples que descrevem o que sua alma sente e por isso, quem as lê sabe o siginificado delas..
Apesar de serem momentos SEUS, me senti parte dele...
LINDA d+ essa mensagem..
"vira e mexe" estou aqui lendo seu blog e me surpreendendo..
BJOS.. e Obrigada por fazer parte da minha vida..
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