25.8.10
Quando a boca cala... o corpo fala!
( Alerta colocado na porta de um espaço terapêutico, é sensacional!)
O resfriado escorre quando o corpo não chora.
A dor de garganta entope quando não é possível comunicar as aflições.
O estômago arde quando as raivas não conseguem sair.
O diabetes invade quando a solidão dói.
O corpo engorda quando a insatisfação aperta.
A dor de cabeça deprime quando as duvidas aumentam.
O coração desiste quando o sentido da vida parece terminar.
A alergia aparece quando o perfeccionismo fica intolerável.
As unhas quebram quando as defesas ficam ameaçadas.
O peito aperta quando o orgulho escraviza.
O coração infarta quando chega a ingratidão.
A pressão sobe quando o medo aprisiona.
As neuroses paralisam quando a"criança interna" tiraniza.
A febre esquenta quando as defesas detonam as fronteiras da imunidade.
Preste atenção!
O plantio é livre, a colheita, obrigatória ...preste atenção no que você está plantando,
pois será a mesma coisa que irá colher!!
19.8.10
O Homem e a Mulher
O homem é a mais elevada das criaturas.
A mulher é o mais sublime dos ideais.
Deus fez para o homem um trono.
Para a mulher, um altar.
O trono exalta.
O altar santifica.
O homem é o cérebro; a mulher é o coração.
O cérebro fabrica a luz; o coração produz Amor.
A luz fecunda.
O Amor ressuscita.
O homem é forte pela razão.
A mulher é invencível pelas lágrimas.
A razão convence.
As lágrimas comovem.
O homem é capaz de todos os heroísmos.
A mulher, de todos os martírios.
O heroísmo enobrece.
O martírio sublima.
O homem tem a supremacia.
A mulher, a preferência.
A supremacia significa a força.
A preferência representa o direito.
O homem é um gênio; a mulher, um anjo.
O gênio é imensurável; o anjo, indefinível.
Contempla-se o infinito.
Admira-se o inefável.
A aspiração do homem é a suprema glória.
A aspiração da mulher é a virtude extrema.
A glória faz tudo grande.
A virtude faz tudo divino.
O homem é um código.
A mulher, um evangelho.
O código corrige.
O evangelho aperfeiçoa.
O homem pensa.
A mulher sonha.
Pensar é ter no crânio uma larva.
Sonhar é ter na fronte uma auréola.
O homem é um oceano.
A mulher um lago.
O oceano tem a pérola que adorna.
O lago, a poesia que deslumbra.
O homem é a águia que voa.
A mulher é o rouxinol que canta.
Voar é dominar o espaço.
Cantar é conquistar a alma.
O homem é um templo.
A mulher é o sacrário.
Ante o templo nos descobrimos.
Ante o sacrário nos ajoelhamos.
Enfim, o homem está colocado onde termina a terra.
E a mulher onde começa o céu.
(Poema de Victor Hugo)
A mulher é o mais sublime dos ideais.
Deus fez para o homem um trono.
Para a mulher, um altar.
O trono exalta.
O altar santifica.
O homem é o cérebro; a mulher é o coração.
O cérebro fabrica a luz; o coração produz Amor.
A luz fecunda.
O Amor ressuscita.
O homem é forte pela razão.
A mulher é invencível pelas lágrimas.
A razão convence.
As lágrimas comovem.
O homem é capaz de todos os heroísmos.
A mulher, de todos os martírios.
O heroísmo enobrece.
O martírio sublima.
O homem tem a supremacia.
A mulher, a preferência.
A supremacia significa a força.
A preferência representa o direito.
O homem é um gênio; a mulher, um anjo.
O gênio é imensurável; o anjo, indefinível.
Contempla-se o infinito.
Admira-se o inefável.
A aspiração do homem é a suprema glória.
A aspiração da mulher é a virtude extrema.
A glória faz tudo grande.
A virtude faz tudo divino.
O homem é um código.
A mulher, um evangelho.
O código corrige.
O evangelho aperfeiçoa.
O homem pensa.
A mulher sonha.
Pensar é ter no crânio uma larva.
Sonhar é ter na fronte uma auréola.
O homem é um oceano.
A mulher um lago.
O oceano tem a pérola que adorna.
O lago, a poesia que deslumbra.
O homem é a águia que voa.
A mulher é o rouxinol que canta.
Voar é dominar o espaço.
Cantar é conquistar a alma.
O homem é um templo.
A mulher é o sacrário.
Ante o templo nos descobrimos.
Ante o sacrário nos ajoelhamos.
Enfim, o homem está colocado onde termina a terra.
E a mulher onde começa o céu.
(Poema de Victor Hugo)
17.8.10
A Impermanência da Vida
Nos últimos dois dias recebi três notícias sobre perdas. Duas pessoas, um animal. Dois pais de amigas, um animal de estimação. Dimensões diferentes da impermanência da vida.
Um dos pais foi meu pai "postiço" nos tempos da faculdade, em Piracicaba. Foi na casa dele que passei as melhores tardes de folga, que provei os melhores almoços, que tirei as mais renovadoras sonecas, que curei minhas grandes ressacas. Era lá que eu buscava colo quando meu pai e minha mãe estavam longe de mim. Foi lá que chorei pelo final de imensas e intensas paixões. Era uma casa linda, pequena, no meio do mato. Em volta, um silêncio quase absoluto. Dentro dela, uma família linda, especial. Lá fazíamos festa, o tempo corria de leve, a vida era uma promessa. Nunca mais fui até aquele lugar. Só retornei hoje em meus pensamentos, para chorar as lágrimas que não me deixam dúvidas do amor e da felicidade que habitavam aquele lar.
A vida deles mudou, a minha também. O tempo passou. Os ciclos terminam.
Hoje também se foi um animal querido, que há dez anos atrás conheci no colo da amiga-irmã. Preto e peludo como um filhote de urso, bravo e genioso desde pequenino. Sua ida anuncia mais um fim que se aproxima, este sim bem mais difícil. Dias atrás o vi pela última vez, com carinho e amor chorei junto com ele e pedi a Deus que não o fizesse sofrer. Ele atendeu.
Mais um ciclo terminou.
Um dia saberei lidar com essas idas e vindas. Com os ciclos que se vão para que outros comecem. Com as perdas necessárias e difíceis do caminho. Saberei olhar de fora já sabendo que as melhores coisas têm de nos deixar para que se faça espaço e outras coisas possam existir.
Conseguirei entender que as coisas são impermanentes porque é assim que devem ser. Porque essa é a única certeza da vida. Conseguirei passar com sabedoria pelas mudanças e olhar para trás com serenidade. Talvez consiga até mesmo não chorar.
Hoje eu ainda não consigo.
10.8.10
9.8.10
O signo de Leão
Em homenagem ao meu querido companheiro de quase duas décadas, leonino bravo e fiel, que merece todo a amor deste mundo. Só quem convive com um leão por perto sabe as dores e as delícias destas pessoas tão especiais...
O signo de Leão - Por Titi Vidal (http://www.titividal.com.br/signo-do-mes/)
Signo de fogo, fixo, regido pelo Sol.
É o signo da criatividade. É o ponto máximo de expressão do Sol, que fica domiciliado neste signo. Os leoninos são generosos, otimistas, românticos, idealistas, leais, orgulhosos, egocêntricos, vaidosos, exibicionistas, autoconfiantes. São muito comunicativos, falando com charme e elegância, sempre querendo atenção e reconhecimento. Mas são muito reservados quanto à sua intimidade, que só é revelada para as pessoas em quem confia muito. Isso vale inclusive para sua casa, lugar que somente recebe aqueles que acha que merecem ou que são realmente íntimos. São criativos, amam a vida e os prazeres da vida. Gostam de festas e agitação, mas são muito sérios em seu dia a dia e em seu trabalho.
Em termos de relacionamento, adoram amar e ser amados. Mas precisam de liberdade. E tendem ao ciúmes. Precisam sempre ser reconhecidos pelo que são e pelo que fazem. E gostam de ser o centro das atenções, muitas vezes fazendo drama ou qualquer outra coisa para que sejam notados. Gostam de se sentir importantes. São os reis e rainhas do zodíaco e gostam de se sentir assim. Geralmente não mostram suas fraquezas, apenas o que pode parecer nobre. São cheios de vida, de energia e de disposição.
Amam a si mesmo e esperam isso dos outros também. Mas quando amam, dedicam integralmente seu amor a quem gostam, especialmente a quem sentem que merece todo esse seu amor. Apesar de esbanjarem autoconfiança, muitas vezes são inseguros. Porém jamais demonstrarão isso. São muito românticos e o romantismo para um leonino é fundamental, assim como a elegância e o charme. São leais e esperam isso sempre.
Leoninos são intuitivos como todos signos de fogo. São extremamente generosos. E idealistas. Às vezes tem até mesmo planos para salvar o planeta, achando ter as respostas e a solução do que é melhor para todo mundo. Pode não dar muita atenção aos pequenos detalhes e nem gostar muito disso. Preferem as coisas mais grandiosas. Gostam de ser os heróis e reis das histórias e os detalhes e coisas menos importantes, se puder, que fiquem para os outros. Gostam e precisam de estabilidade. E eles têm estilo e muito carisma, além da grande capacidade de liderança.
Podem ser muito dramáticos, mas isso entra na necessidade de atenção. Geralmente a coisa mais importante para o leonino é ele mesmo. E seu mundo. Suas coisas, suas idéias, etc. E justamente por isso costumam ter grande dificuldade em “dividir o palco” com outras pessoas. Claro que precisam de pessoas por perto, e pessoas de alguma forma “a sua altura”, mas desde que ele continue sendo o centro das atenções.
Apesar de muitas vezes não demonstrar, leão precisa muito do amor e do reconhecimento do outro.
É um signo muito nobre e os leoninos são muito humanos, gentis, bondosos. Mas ao ser generoso, um leonino espera sempre um reconhecimento, pelo menos um muito obrigada.
O amor tende a movimentar muito a vida do leonino e esperam histórias grandiosas. Um grande amor, sempre. O amor, para um leonino, é algo mágico e precisa de provas de amor. São leais e fieis nos relacionamentos, mas desde que ame verdadeiramente e a pessoa amada realmente mereça seu amor. Também cobra de forma exagerada a lealdade dos parceiros. É extremamente ciumento, ainda que não demonstre. E caso demonstre, pode fazer isso com bastante agressividade. O leonino não aceita uma traição, e se isso acontecer, nunca será esquecida. Ele é leal e ingênuo e possui palavra, e por isso não admite, e sofre muito quando alguém não respeita tais características.
O leonino gosta de brigar, desde que saiba ou ache que não vai perder a razão.
O leonino gosta de ser tratado como rei (ou rainha). Por um lado é tão agradável que o parceiro pode ter vontade de tratá-lo assim. Briga pela pessoa amada e a defende em qualquer situação. É muito protetor. O leonino pode ser um pouco temperamental e por isso e pelo fato de ter grande ideais, as questões cotidianas podem causar grandes conflitos nos relacionamentos. Isto porque ele espera um grande amor como nos filmes e contos de fadas e, como isso na realidade não acontece, ele desaponta-se e o conflito aparece. E isso vale para as demais áreas de sua vida. Tudo tem que ser grandioso e, se possível, ele tem que ser o rei, o centro de tudo. Como são muito carismáticos, logo tendem a ganhar a confiança das pessoas e a atenção de todos. E é fundamental que o leonino brilhe e seja de fato um rei ou uma rainha, independente de como ou onde isso aconteça. Pode ser o rei de sua casa, de sua família, de seu trabalho, mas o que importa é que tenha o seu espaço, o seu reino e lá possa brilhar, pois é essa justamente sua missão – brilhar!
O signo de Leão - Por Titi Vidal (http://www.titividal.com.br/signo-do-mes/)
Signo de fogo, fixo, regido pelo Sol.
É o signo da criatividade. É o ponto máximo de expressão do Sol, que fica domiciliado neste signo. Os leoninos são generosos, otimistas, românticos, idealistas, leais, orgulhosos, egocêntricos, vaidosos, exibicionistas, autoconfiantes. São muito comunicativos, falando com charme e elegância, sempre querendo atenção e reconhecimento. Mas são muito reservados quanto à sua intimidade, que só é revelada para as pessoas em quem confia muito. Isso vale inclusive para sua casa, lugar que somente recebe aqueles que acha que merecem ou que são realmente íntimos. São criativos, amam a vida e os prazeres da vida. Gostam de festas e agitação, mas são muito sérios em seu dia a dia e em seu trabalho.
Em termos de relacionamento, adoram amar e ser amados. Mas precisam de liberdade. E tendem ao ciúmes. Precisam sempre ser reconhecidos pelo que são e pelo que fazem. E gostam de ser o centro das atenções, muitas vezes fazendo drama ou qualquer outra coisa para que sejam notados. Gostam de se sentir importantes. São os reis e rainhas do zodíaco e gostam de se sentir assim. Geralmente não mostram suas fraquezas, apenas o que pode parecer nobre. São cheios de vida, de energia e de disposição.
Amam a si mesmo e esperam isso dos outros também. Mas quando amam, dedicam integralmente seu amor a quem gostam, especialmente a quem sentem que merece todo esse seu amor. Apesar de esbanjarem autoconfiança, muitas vezes são inseguros. Porém jamais demonstrarão isso. São muito românticos e o romantismo para um leonino é fundamental, assim como a elegância e o charme. São leais e esperam isso sempre.
Leoninos são intuitivos como todos signos de fogo. São extremamente generosos. E idealistas. Às vezes tem até mesmo planos para salvar o planeta, achando ter as respostas e a solução do que é melhor para todo mundo. Pode não dar muita atenção aos pequenos detalhes e nem gostar muito disso. Preferem as coisas mais grandiosas. Gostam de ser os heróis e reis das histórias e os detalhes e coisas menos importantes, se puder, que fiquem para os outros. Gostam e precisam de estabilidade. E eles têm estilo e muito carisma, além da grande capacidade de liderança.
Podem ser muito dramáticos, mas isso entra na necessidade de atenção. Geralmente a coisa mais importante para o leonino é ele mesmo. E seu mundo. Suas coisas, suas idéias, etc. E justamente por isso costumam ter grande dificuldade em “dividir o palco” com outras pessoas. Claro que precisam de pessoas por perto, e pessoas de alguma forma “a sua altura”, mas desde que ele continue sendo o centro das atenções.
Apesar de muitas vezes não demonstrar, leão precisa muito do amor e do reconhecimento do outro.
É um signo muito nobre e os leoninos são muito humanos, gentis, bondosos. Mas ao ser generoso, um leonino espera sempre um reconhecimento, pelo menos um muito obrigada.
O amor tende a movimentar muito a vida do leonino e esperam histórias grandiosas. Um grande amor, sempre. O amor, para um leonino, é algo mágico e precisa de provas de amor. São leais e fieis nos relacionamentos, mas desde que ame verdadeiramente e a pessoa amada realmente mereça seu amor. Também cobra de forma exagerada a lealdade dos parceiros. É extremamente ciumento, ainda que não demonstre. E caso demonstre, pode fazer isso com bastante agressividade. O leonino não aceita uma traição, e se isso acontecer, nunca será esquecida. Ele é leal e ingênuo e possui palavra, e por isso não admite, e sofre muito quando alguém não respeita tais características.
O leonino gosta de brigar, desde que saiba ou ache que não vai perder a razão.
O leonino gosta de ser tratado como rei (ou rainha). Por um lado é tão agradável que o parceiro pode ter vontade de tratá-lo assim. Briga pela pessoa amada e a defende em qualquer situação. É muito protetor. O leonino pode ser um pouco temperamental e por isso e pelo fato de ter grande ideais, as questões cotidianas podem causar grandes conflitos nos relacionamentos. Isto porque ele espera um grande amor como nos filmes e contos de fadas e, como isso na realidade não acontece, ele desaponta-se e o conflito aparece. E isso vale para as demais áreas de sua vida. Tudo tem que ser grandioso e, se possível, ele tem que ser o rei, o centro de tudo. Como são muito carismáticos, logo tendem a ganhar a confiança das pessoas e a atenção de todos. E é fundamental que o leonino brilhe e seja de fato um rei ou uma rainha, independente de como ou onde isso aconteça. Pode ser o rei de sua casa, de sua família, de seu trabalho, mas o que importa é que tenha o seu espaço, o seu reino e lá possa brilhar, pois é essa justamente sua missão – brilhar!
6.8.10
Bem no fundo - Leminski
No fundo, no fundo,
bem lá no fundo,
a gente gostaria
de ver nossos problemas
resolvidos por decreto
a partir desta data,
aquela mágoa sem remédio
é considerada nula
e sobre ela — silêncio perpétuo
extinto por lei todo o remorso,
maldito seja que olhas pra trás,
lá pra trás não há nada,
e nada mais
mas problemas não se resolvem,
problemas têm família grande,
e aos domingos saem todos a passear
o problema, sua senhora
e outros pequenos probleminhas.
Paulo Leminski
(ilustração: http://catarinafazbirra.blogspot.com/)
4.8.10
As lições em andamento...
Só pra listar algumas delas, são elas as lições que atualmente a vida me convida a praticar...
Lição da paciência, a mais difícil de todas, ao menos para mim. Implica em aceitar a velocidade do outro, que na maioria das vezes não combina com a minha. Implica em ter fé (desta parte eu gosto, sim!). E implica em aceitar a total falta de onipotência, qualidade que é quase sempre meu objeto de desejo.
Lição do desapego, a qual vem sendo constantemente praticada e muito em breve não será mais um exercício a ser repetido tão intensamente. Implica em deixar de lado as muitas coisas que me são importantes, ou desejáveis, ou atraentes, ou tudo isso junto. Implica em focar apenas no que é necessário. Logo mais, apenas no que é essencial. Mas sinto que essa tem sido uma das lições mais fáceis.
Lição do perdão, solidamente atracada à memória das coisas móveis e imóveis, ao sentimento armazenado nas paredes da alma e do coração. Acompanhada de entendimento, fica leve de praticar. O difícil é conquistar esse entendimento, ou pelo menos tentar conquistá-lo. Na verdade, já me contento em querer perdoar. Parte chata da lição: colocar-se no lugar do outro para entender razões/motivos que movem as ações humanas. Nem sempre tenho vontade de pensar sobre as razões do outro, e nem mesmo sobre as minhas.
Lição da razão, tranquilíssima aos sentidos quando as coisas do lado de fora se encontram em tempos de calmaria. De extrema dificuldade quando chega a tempestade. Nunca foi meu forte. Eu nem mesmo tenho atração por pessoas ou situações racionais, prefiro tudo queimando à flor da pele com direito a gritos e risos em qualquer situação. Gosto da loucura, da insanidade, dos delírios. O racional me entedia, a calmaria me irrita, a falta da intensidade me aborrece. Infelizmente a lição é necessária, porque eu adoraria se ela pudesse ser facilmente dispensável.
Para atravessar tudo isso mantendo a classe, a linha e sem descer do salto: amor, tranquilidade e bom humor. Três ingredientes sem os quais fica praticamente impossível prosseguir...
2.8.10
Sugestões para atravessar agosto
Para atravessar agosto é preciso antes de mais nada paciência e fé. Paciência para cruzar os dias sem se deixar esmagar por eles, mesmo que nada aconteça de mau; fé para estar seguro, o tempo todo, que chegará setembro - e também certa não-fé, para não ligar a mínima às negras lendas deste mês de cachorro louco.
É preciso quem sabe ficar-se distraído, inconsciente de que é agosto, e só lembrar disso no momento de, por exemplo, assinar um cheque e precisar da data. Então dizer mentalmente ah!, escrever tanto de tanto de mil novecentos e tanto e ir em frente. Este é um ponto importante: ir, sobretudo, em frente.
Para atravessar agosto também é necessário reaprender a dormir. Dormir muito, com gosto, sem comprimidos, de preferência também sem sonhos. São incontroláveis os sonhos de agosto: se bons deixam a vontade impossível de morar neles; se maus, fica a suspeita de sinistros augúrios, premonições. Armazenar víveres, como às vésperas de um furacão anunciado, mas víveres espirituais, intelectuais, e sem muito critério de qualidade.
Muitos vídeos, de chanchadas da Atlântida a Bergman; muitos CDs, de Mozart a Sula Miranda; muitos livros, de Nietzsche a Sidney Sheldon. Controle remoto na mão e dezenas de canais a cabo ajudam bem: qualquer problema, real ou não, dê um zap na telinha e filosoficamente considere, vagamente onipotente, que isso também passará. Zaps mentais, emocionais, psicológicos, não só eletrônicos, são fundamentais para atravessar agostos.
Claro que falo em agostos burgueses, de médio ou alto poder aquisitivo. Não me critiquem por isso, angústias agostianas são mesmo coisa de gente assim, meio fresca que nem nós. Para quem toma trem de subúrbio às cinco da manhã todo dia, pouca diferença faz abril, dezembro ou, justamente agosto.
Angústia agostiana é coisa cultural, sim. E econômica. Mas pobres ou ricos, há conselhos - ou precauções - úteis a todos. O mais difícil: evitar a cara de Fernando Henrique Cardoso em foto ou vídeo, sobretudo se estiver se pavoneando com um daqueles chapéus de desfile a fantasia, categoria originalidade... Esquecê-lo tão completamente quanto possível (santo zap!): FHC agrava agosto, e isso é tão grave que vou mudar de assunto já.
Para atravessar agosto ter um amor seria importante, mas se você não conseguiu, se a vida não deu, ou ele partiu - sem o menor pudor, invente um.Pode ser Natália Lage, Antônio Banderas, Sharon Stone, Robocop, o carteiro, a caixa do banco, o seu dentista. Remoto ou acessível, que você possa pensar nesse amor nas noites de agosto, viajar por ilhas do Pacífico Sul, Grécia, Cancún, ou Miami, ao gosto do freguês. Que se possa sonhar, isso é que conta, com mãos dadas, suspiros, juras, projetos, abraços no convés à luz da lua cheia, brilhos na costa ao longe. E beijos, muitos. Bem molhados.
Não lembrar dos que se foram, não desejar o que não se tem e talvez nem se terá, não discutir, nem vingar-se ou lamuriar-se, e temperar tudo isso com chás, de preferência ingleses, cristais de gengibre, gotas de codeína, se a barra pesar, vinhos, conhaques - tudo isso ajuda a atravessar agosto.
Controlar o excesso de informação para que as desgraças sociais ou pessoais não dêem a impressão de serem maiores do que são. Esquecer o Zaire, a ex-Iugoslávia, passar por cima das páginas policiais. Aprender decoração, jardinagem, ikebana, a arte das bandejas de asas de borboletas - coisas assim são eficientíssimas, pouco me importa ser acusado de alienação. É isso mesmo; evasão, escapismos. Assumidos, explícitos.
Mas para atravessar agosto, pensei agora, é preciso principalmente não se deter demais no tema. Mudar de assunto, digitar rápido o ponto final, sinto muito perdoe o mau jeito, assim, veja, bruto e seco.
Caio Fernando Abreu
É preciso quem sabe ficar-se distraído, inconsciente de que é agosto, e só lembrar disso no momento de, por exemplo, assinar um cheque e precisar da data. Então dizer mentalmente ah!, escrever tanto de tanto de mil novecentos e tanto e ir em frente. Este é um ponto importante: ir, sobretudo, em frente.
Para atravessar agosto também é necessário reaprender a dormir. Dormir muito, com gosto, sem comprimidos, de preferência também sem sonhos. São incontroláveis os sonhos de agosto: se bons deixam a vontade impossível de morar neles; se maus, fica a suspeita de sinistros augúrios, premonições. Armazenar víveres, como às vésperas de um furacão anunciado, mas víveres espirituais, intelectuais, e sem muito critério de qualidade.
Muitos vídeos, de chanchadas da Atlântida a Bergman; muitos CDs, de Mozart a Sula Miranda; muitos livros, de Nietzsche a Sidney Sheldon. Controle remoto na mão e dezenas de canais a cabo ajudam bem: qualquer problema, real ou não, dê um zap na telinha e filosoficamente considere, vagamente onipotente, que isso também passará. Zaps mentais, emocionais, psicológicos, não só eletrônicos, são fundamentais para atravessar agostos.
Claro que falo em agostos burgueses, de médio ou alto poder aquisitivo. Não me critiquem por isso, angústias agostianas são mesmo coisa de gente assim, meio fresca que nem nós. Para quem toma trem de subúrbio às cinco da manhã todo dia, pouca diferença faz abril, dezembro ou, justamente agosto.
Angústia agostiana é coisa cultural, sim. E econômica. Mas pobres ou ricos, há conselhos - ou precauções - úteis a todos. O mais difícil: evitar a cara de Fernando Henrique Cardoso em foto ou vídeo, sobretudo se estiver se pavoneando com um daqueles chapéus de desfile a fantasia, categoria originalidade... Esquecê-lo tão completamente quanto possível (santo zap!): FHC agrava agosto, e isso é tão grave que vou mudar de assunto já.
Para atravessar agosto ter um amor seria importante, mas se você não conseguiu, se a vida não deu, ou ele partiu - sem o menor pudor, invente um.Pode ser Natália Lage, Antônio Banderas, Sharon Stone, Robocop, o carteiro, a caixa do banco, o seu dentista. Remoto ou acessível, que você possa pensar nesse amor nas noites de agosto, viajar por ilhas do Pacífico Sul, Grécia, Cancún, ou Miami, ao gosto do freguês. Que se possa sonhar, isso é que conta, com mãos dadas, suspiros, juras, projetos, abraços no convés à luz da lua cheia, brilhos na costa ao longe. E beijos, muitos. Bem molhados.
Não lembrar dos que se foram, não desejar o que não se tem e talvez nem se terá, não discutir, nem vingar-se ou lamuriar-se, e temperar tudo isso com chás, de preferência ingleses, cristais de gengibre, gotas de codeína, se a barra pesar, vinhos, conhaques - tudo isso ajuda a atravessar agosto.
Controlar o excesso de informação para que as desgraças sociais ou pessoais não dêem a impressão de serem maiores do que são. Esquecer o Zaire, a ex-Iugoslávia, passar por cima das páginas policiais. Aprender decoração, jardinagem, ikebana, a arte das bandejas de asas de borboletas - coisas assim são eficientíssimas, pouco me importa ser acusado de alienação. É isso mesmo; evasão, escapismos. Assumidos, explícitos.
Mas para atravessar agosto, pensei agora, é preciso principalmente não se deter demais no tema. Mudar de assunto, digitar rápido o ponto final, sinto muito perdoe o mau jeito, assim, veja, bruto e seco.
Caio Fernando Abreu
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