31.1.11

Recomendo!

Sinopse:

Dilys está casada há 20 anos com Francis, importante advogado, apenas alguns anos mais velho do que ela, com quem tem uma vida perfeita. Contudo, por trás dessa vida dos sonhos, existe uma mulher com um grande vazio existencial. Algo falta, algo que o dinheiro não pode comprar. Até o dia em que, após o funeral de seu melhor amigo, Dilys conhece Matthew, um homem sem ambições financeiras, por quem se apaixona profundamente. O caso entre os dois acende a chama há muito escondida dentro de Dilys, fazendo com que sua vida ganhe sabor novamente. E, para esconder o romance de seu marido, ela cria um álibi - sua velha, geniosa, atrevida e gananciosa tia. Uma história que traz o dilema de uma mulher madura que precisa escolher entre o amor e o desejo e uma vida calma e segura ao lado de seu marido.

Enquanto caminha em direção à liberdade (ou à destruição), descobre que a capacidade de trair está em todos nós e que mesmo as velhas tias têm segredos obscuros guardados a sete chaves.

Ganhei no final do ano, de uma amiga mais que querida. Devorei em 2 ou 3 dias, e há tempos quero comentar!

É leve, interessante. Título curioso, e um enredo que absorve percepções, desejos e experiências de mulheres de verdade. Com questionamentos e escolhas, motivos que nos movem, razões que o coração encobre e revela às vezes sem querer... Quantas de nós cruzamos com alguém e sorrimos alguma vez, e quantas deixamos passar tantas vezes a chance de sorrir. O que pode ser uma bênção ou uma tragédia, renovação ou destruição...

E o final... é uma super surpresa!

Juliana, querida! Obrigada... Amei...

13.1.11

Solidão contente



Hoje recebi este texto por e-mail e fui conferir se a autoria era desse cara mesmo. Não o conhecia. Encontrei não só esta, como várias outras colunas escritas por ele, publicadas no site da Revista Época e me surpreendi com a delíciosa leitura. Vale conferir!!!!

Ivan, virei sua fã!


O que as mulheres fazem quando estão com elas mesmas

(Por Ivan Martins, Editor-Executivo de Época e escreve às quartas-feiras)

Ontem eu levei uma bronca da minha prima. Como leitora regular desta coluna, ela se queixou, docemente, de que eu às vezes escrevo sobre “solidão feminina” com alguma incompreensão.

Ao ler o que eu escrevo, ela disse, as pessoas podem ter a impressão de que as mulheres sozinhas estão todas desesperadas – e não é assim. Muitas mulheres estão sozinhas e estão bem. Escolhem ficar assim, mesmo tendo alternativas. Saem com um sujeito lá e outro aqui, mas acham que nenhum deles cabe na vida delas. Nessa circunstância, decidem continuar sozinhas.

Minha prima sabe do que está falando. Ela foi casada muito tempo, tem duas filhas adoráveis, ela mesma é uma mulher muito bonita, batalhadora, independente – e mora sozinha.

Ontem, enquanto a gente tomava uma taça de vinho e comia uma tortilha ruim no centro de São Paulo, ela me lembrou de uma coisa importante sobre as mulheres: o prazer que elas têm de estar com elas mesmas.

“Eu gosto de cuidar do cabelo, passar meus cremes, sentar no sofá com a cachorra nos pés e curtir a minha casa”, disse a prima. “Não preciso de mais ninguém para me sentir feliz nessas horas”.

Faz alguns anos, eu estava perdidamente apaixonado por uma moça e, para meu desespero, ela dizia e fazia coisas semelhantes ao que conta a minha prima. Gostava de deitar na banheira, de acender velas, de ficar ouvindo música ou ler. Sozinha. E eu sentia ciúme daquela felicidade sem mim, achava que era um sintoma de falta de amor.

Hoje, olhando para trás, acho que não tinha falta de amor ali. Eu que era desesperado, inseguro, carente. Tivesse deixado a mulher em paz, com os silêncios e os sais de banho dela, e talvez tudo tivesse andado melhor do que andou.

Ontem, ao conversar com a minha prima, me voltou muito claro uma percepção que sempre me pareceu assombrosamente evidente: a riqueza da vida interior das mulheres comparada à vida interior dos homens, que é muito mais pobre.

A capacidade de estar só e de se distrair consigo mesma revela alguma densidade interior, mostra que as mulheres (mais que os homens) cultivam uma reserva de calma e uma capacidade de diálogo interno que muitos homens simplesmente desconhecem.

A maior parte dos homens parece permanentemente voltada para fora. Despeja seus conflitos interiores no mundo, alterando o que está em volta. Transforma o mundo para se distrair, para não ter de olhar para dentro, onde dói.

Talvez por essa razão a cultura masculina seja gregária, mundana, ruidosa. Realizadora, também, claro. Quantas vuvuzelas é preciso soprar para abafar o silêncio interior? Quantas catedrais para preencher o meu vazio? Quantas guerras e quantas mortes para saciar o ódio incompreensível que me consome?

A cultura feminina não é assim. Ou não era, porque o mundo, desse ponto de vista, está se tornando masculinizado. Todo mundo está fazendo barulho. Todo mundo está sublimando as dores íntimas em fanfarra externa. Homens e mulheres estão voltados para fora, tentando fervorosamente praticar a negligência pela vida interior – com apoio da publicidade.

Se todo mundo ficar em casa com os seus sentimentos, quem vai comprar todas as bugigangas, as beberagens e os serviços que o pessoal está vendendo por aí, 24 horas por dia, sete dias por semana? Tem de ser superficial e feliz. Gastando – senão a economia não anda.

Para encerrar, eu não acho que as diferenças entre homens e mulheres sejam inatas. Nós não nascemos assim. Não acredito que esteja em nossos genes. Somos ensinados a ser o que somos.

Homens saem para o mundo e o transformam, enquanto as mulheres mastigam seus sentimentos, bons e maus, e os passam adiante, na rotina da casa. Tem sido assim por gerações e só agora começa a mudar. O que virá da transformação é difícil dizer.

Mas, enquanto isso não muda, talvez seja importante não subestimar a cultura feminina. Não imaginar, por exemplo, que atrás de toda solidão há desespero. Ou que atrás de todo silêncio há tristeza ou melancolia. Pode haver escolha.

Como diz a minha prima, ficar em casa sem companhia pode ser um bom programa – desde que as pessoas gostem de si mesmas e sejam capazes de suportar os seus próprios pensamentos. Nem sempre é fácil.