24.7.10

Soneto da Lua

Linda lua no céu, e para lembrar Vinícius...

Soneto da Lua

Por que tens, por que tens olhos escuros
E mãos lânguidas, loucas, e sem fim
Quem és, quem és tu, não eu, e estás em mim
Impuro, como o bem que está nos puros ?

Que paixão fez-te os lábios tão maduros
Num rosto como o teu criança assim
Quem te criou tão boa para o ruim
E tão fatal para os meus versos duros?

Fugaz, com que direito tens-me pressa
A alma, que por ti soluça nua
E não és Tatiana e nem Teresa:

E és tão pouco a mulher que anda na rua
Vagabunda, patética e indefesa
Ó minha branca e pequenina lua!

Vinicius de Moraes

22.7.10

Miragens...


Miragens... acontecem, sim... algumas são únicas, outras são retorno...
Algumas a gente sabe que é não é real assim que as percebe. Outras, demora para entender. Umas chegam rápido e logo se vão, outras caminham ao nosso lado quase a vida inteira. Quase todas são lindas. Carregadas de brilho e de mistério, carregadas de sonhos e de promessas. Quase todas trazem junto consigo a magia e as delícias de mundos fantásticos a serem vividos, de aventuras inimagináveis a serem desfrutadas, de momentos felizes a serem aproveitados.
Há miragens que lembram retorno de outras miragens já vistas. E há aquelas que buscamos encontrar a cada esquina. Ou reencontrar a cada passo.
Mas mesmo assim, são sempre miragens. Basta um sopro mais forte, um grito mais alto, uma luz mais brilhante e elas se vão...
Nos resta esperar que nos escutem e apareçam de novo... algum dia... se o acaso assim o permitir...

17.7.10

De novo às estrelas...


Já há algum tempo voltei a estudar Astrologia, paixão que entrou na minha vida quando ainda tinha uns 16 ou 17 anos e da qual nunca me afastei por completo, mesmo durante longos períodos sem ler nem me aprofundar mais nessa maravilhosa arte-ciência-ensinamento, se é que tenho o direito de a chamar assim.
Durante alguns anos, ainda menina, respirei Astrologia intensamente, me interessando pelos mistérios humanos na missão quase impossível de desvendar nuances do destino e do comportamento das pessoas. Junto com isso, observava as estrelas por noites e noites a fio, na tentativa de ter ali as respostas que tanto procurava.
Escolhi o estudo das plantas como profissão, e estudei-as tão a fundo que acabei me afastando da mente humana e dos ensinamentos das estrelas. Ensinei outras pessoas, consegui vários títulos, mas nunca me esqueci da paixão que, junto com a Fotografia, me convida a enxergar os mistérios da Vida.
Agora, vários anos depois da escolha pelas plantas que me fez abandonar a profissão de desvendar as estrelas, volto com enorme prazer a esse universo mágico que me fascina e me domina. Nesse meio-tempo, explorei e ainda exploro as nuances humanas através da Terapia Floral, que amo do fundo do meu coração. Fiz da Terapia Floral um de meus amores, assim como as plantas, a Fotografia, os animais e a Astrologia.
Nada mau ser assim um ser multi-tarefa. Não saberia ser de outro jeito. Sol Ariano, Lua Geminiana, Ascendente Virginiano. Misturas que me fazem ser assim como sou e que me conduzem ao novo, ao que começa e nunca termina, ao que quer sempre algo mais.
Fico pensando que isso é só o começo...

15.7.10

Eterno retorno...


Ilha, como és bela... refúgio de imagens que me acompanham à distância, vívidas e presentes a cada retorno em suas areias. Possíveis ou impossíveis, histórias de amor ou paixão, prováveis ou improváveis, não sei. Me acolhem a cada retorno e me fazem respirar com tesão sempre que me vejo em ti.
Um dia vou te abraçar, eu sei. Irei me refugiar nas viagens e nas paisagens desse caminhar. Então terminarei feliz, me deitarei feliz, serei feliz... tenho certeza de que serei feliz...

9.7.10

Reencontrar...


Cansadíssima, mas o sono não chega. Deveria estar dormindo há horas, tenho que acordar antes de amanhecer. Mas estou ansiosa, um reencontro muito esperado irá acontecer amanhã.
São doze anos sem abraçar aquela que foi a minha melhor amiga na infância. Aquela que sempre julguei que ficaria ao meu lado para sempre. Amigas eternas. Compartilhamos juntas todos os sonhos e aventuras da nossa adolescência, as primeiras paixões, os amores perdidos. Estive presente no momento mais importante da sua vida, onde ela prometia amor eterno e fidelidade até a morte. Ela também veio de longe para me ver fazer o mesmo. Estivemos juntas nos melhores momentos de nossas vidas, e também nos mais difíceis.
Os caminhos da vida nos separaram. Tomamos rumos e andamos por estradas opostas. Mas o amor permaneceu. Amor mais forte que o tempo, mais duradouro que a distância, mais especial que as lembranças.
As certezas me dizem que a pessoa que irá me receber ainda será a mesma menina que sorria ao me ver chegar. Junto de quem eu cresci, no corpo e na alma. Tenho certeza de que o tempo não passou.
Tô chegando!

5.7.10

Sobre rodas!

(imagem: www.conexaoparis.com.br)

Ontem ganhamos um par de patins. O tamanho é 32, cabe só no pé da filha. Mas a diversão está sendo tão grande que acabei por considerar o novo brinquedo como meu também!
Hoje, nem bem acordamos e já colocamos os novos acessórios nos pés. E um tal de sobe escada, desce escada, escova os dentes, penteia o cabelo, veste a roupa, café da manhã, tudo sobre as oito rodas mágicas que pretendem ser parte integrante do corpo da criança. Mágicas mesmo, pois os pezinhos que ontem se atrapalhavam enroscando um no outro, como que milagrosamente hoje já deslizam sobre as deliciosas rodinhas, parecendo voar. E o corpinho desengonçado já consegue mover mãos, braços e pernas de maneira tão harmoniosa que parece que sempre usou as rodinhas para se locomover. Lindo de ver.
Amanhã, patinaremos mais e mais. E depois de amanhã, e todos os dias a seguir. Sempre com a intenção de voar. Já que nossas asas ficaram lá no céu quando descemos, continuaremos a usar a velocidade das rodas como o modo mais próximo de sentir a leveza parecida com a das nossas asas perdidas...
Ah! Esqueci de dizer que amanhã, vou providenciar outro par, desta vez maior. Que caiba em meus pés...
Quero voar também!

2.7.10

O Fulano é...


Termina o dia, e como de costume enrosco com a filha na cama dela para um chamego e as últimas conversas antes do sono chegar. Deitadas, fazemos nossas preces com os agradecimentos e pedidos do dia, e logo um pensamento vem e me faz dizer:
- O Papai é...
Pedi que ela completasse, e ela disse:
- O Papai é sério.
Gostei da idéia e o negócio se estendeu até que, curiosamente, ela acabou por rotular algumas das pessoas com quem mais convivemos no nosso dia-a-dia. Rimos muito, e aí segue a lista:

- O Papai é... sério.
- A Mamãe é... engraçada.
- A Vovó é... divertida. (Minha mãe, a quem eu jamais descreveria assim)
- A Titia é... "compralhona". (Definição dela para algo como "consumista")
- O Melhor Amigo é... bravinho. (E é mesmo...)
- O irmão do Melhor Amigo é... brincalhão.
- A mãe do Melhor Amigo é... criança!
- O pai do Melhor Amigo é... sério. (Que nem o Papai!)
- A Melhor Amiga é... levada!
- O irmão da Melhor Amiga é... fofo.
- A mãe da Melhor Amiga é... podre de chique. (Morri!!!)
- O pai da Melhor Amiga é... humm... bem... Chef de Cozinha! (Nesse ela enroscou...)
- A Professora é...NORMAL! (Ri muito! Como se os outros não fossem...)

Os que conhecem, identificarão as pessoas de imediato. E eu mesma classificaria do mesmo modo quase todas elas.
Mais uma prova de que as crianças, em sua infinita sabedoria, percebem muito mais coisas do que a gente imagina!
Beijos a todos!

1.7.10

Oba! Férias!...


Hoje foi o primeiro dia das férias escolares. Filha em casa, grana curta, trabalhos pendentes e outros detalhes que ainda virão ao longo do mês que deveria ser apenas de diversão, descanso e alegria. Há dias não sei direito se minha vontade é de rir ou de chorar, mas o fato é que hoje acordei rindo, gritando e celebrando o tão merecido descanso da criatura pequena que me foi dada de presente e que com apenas 6 anos já tem sua rotina repleta de compromissos dignos de gente grande.
Me desliguei do trabalho (ao menos por hoje) e decidi curtir o dia, como se nada mais houvesse neste mundo para ser feito, nem pensado, nem decidido, nem resolvido. Nem questionado.
Felizes, eu e ela combinamos que a grande sacada do dia seria não termos regras para nada. Nada mesmo, nem horário para almoçar, nem ter de tirar a camisola ou trocar de roupa, nem horário para tomar banho, nem nada, nem nada. Ela poderia comer o que tivesse vontade. Ela poderia ver toda a TV do mundo, o dia todo, se quisesse. Ela poderia chamar quem quisesse para brincar com ela em casa. Poderia tirar dos armários os brinquedos que quisesse. Enfim, liberdade total e tendo a mãe como avalista! É o mundo encantado de qualquer criança...
Brincamos enlouquecidamente toda a manhã, eu e ela, e acompanhadas do melhor amigo que chegou de mansinho logo em seguida do almoço. O cheiro do bolo assando no forno para o lanche da tarde ainda está pela casa, e o som das gargalhadas deles me faz ter a certeza de que o mundo seria absurdamente melhor se as crianças e sua total ausência de regras pudessem governar a nossa vida.
O mundo a nossa volta precisa desesperadamente da sabedoria e da simplicidade das crianças. Sob a pena de que as nossas almas morram para sempre. De tristeza e solidão.